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Briga comercial nas exportações: precisamos melhorar a nossa logística!

 

Com o cenário atual das exportações de soja, três países ocupam papéis muito importantes na economia mundial. A briga comercial entre China e Estados Unidos, que disputam o espaço nas exportações, pode dar espaço para outro nome de peso no mercado de soja: o Brasil.

Segundo o coordenador do Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial - ESALQ-LOG, Thiago Guilherme Péra, existe uma ótima possibilidade de o Brasil ganhar esse espaço. “Em função da briga comercial da China com os Estados Unidos, expectativas de ganhos que podem chegar à ordem de US$ 3 bilhões para o Brasil. Para que o país possa ampliar ainda mais a sua competitividade e absorver ganhos econômicos, é fundamental investir nesta logística”, comenta Péra.

Porém, para que tal situação aconteça, alguns fatores devem ser levados em consideração. De acordo com Péra, ocorre uma pressão em toda a infraestrutura logística do Brasil, para que o país consiga “dar conta” de tamanha competição. Melhorias em rodovias, ferrovias, hidrovias, portos e armazéns são essenciais para que algo mude nesta briga entre os três grandes responsáveis pela exportação de soja. “O custo logístico do agronegócio brasileiro passa dos R$120 bilhões por ano para a movimentação de 1,082 bilhão de toneladas de cargas. Especificamente ainda, no período de 2010-2017, o país vivenciou fortes investimentos no setor ferroviário e hidroviário – tanto oriundo na iniciativa pública quanto privada. Nesse mesmo período, a participação da movimentação de grãos (soja e milho) em relação à quantidade produzida em 2010 era de 21,3% e passou para 27,9% para 2017, implicando um aumento de 30,81% no período. Ainda é pouco”, relata o especialista.

Mesmo com diversas mudanças necessárias, não se pode negar que a importância do país no cenário das exportações tem aumentado: no período de 2010 a 2017, as exportações de grãos do Arco-Norte brasileiro cresceram 491%, enquanto que o corredor tradicional de exportação do sudeste (Santos e Vitória) cresceram 134% e o corredor tradicional do Sul (Paranaguá, São Francisco do Sul e Rio Grande) cresceram 262%, frente ao aumento de quase 70% da produção no mesmo período. Além disso, a participação das exportações de grãos pelos portos do Arco-Norte passou de 15,1% em 2010 para 26,2% em 2017. Os dados, coletados pelo Grupo ESALQ-LOG, mostram a capacidade que país tem a oferecer, ainda mais se considerada a necessidade no aumento de investimentos no setor.

Outro fator a ser levado em consideração é a questão da armazenagem, pois esta é responsável por diminuir a concentração das movimentações de grãos, diminuindo e evitando filas e paralisações dos veículos de transporte de cargas, otimizando as movimentações para as rotas de escoamento. “Nessa linha, em 2010 o país tinha condições de armazenar por volta de 84,8% da produção de grãos, enquanto que em 2017 esta relação caiu para 67,15%”, explica Péra. Tais condições também dependem do Estado para que melhorias aconteçam, já que este possui um papel importante em tal situação, onde podem ser criadas condições atrativas e seguras para atrais investimentos em infraestrutura logística no país, através de concessões e parcerias públicas e/ou privadas. “Principalmente porque o investimento em infraestrutura logística no agronegócio é uma condição necessária para o desenvolvimento econômico do país”, completa Péra.

Assim, o aumento de incentivos e investimentos no Brasil é mais que necessário e vantajoso, principalmente no cenário citado acima, onde o país pode crescer economicamente e ganhar destaque na economia mundial. A melhora nas rodovias e demais rotas de movimentação beneficiam não só o que o país exporta, mas consequentemente sua movimentação interior. Dessa forma, a resposta para o Brasil vencer essa briga e conquistar seu lugar é clara: precisamos melhorar nossa logística.