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13º SILA com foco em Logística Florestal

O Brasil é o segundo maior país com cobertura florestal do mundo. Estima-se que 69% dessa cobertura tem potencial produtivo, na qual o país segue 12832451_579921968826239_5032547389879906409_ncomo maior produtor mundial de celulose de fibra curta. Em sua 13ª edição, o SILA (Seminário internacional em logística industrial), realizado pela Esalq-Log, traz a criatividade, segurança e investimento como principais focos de discussão para gerar lucros, diminuir gastos e driblar a crise financeira no setor florestal, em diversos países. Com quatro blocos de discussão o evento destacou inovações, desafios, estratégias e formas de gestão na área de logística florestal, contando com profissionais de grandes empresas como Eldorado Brasil, Fibra, International Paper, Reflore e Esalq. Inovações e Logísticas Florestais A primeira banca de palestrantes do seminário teve enfoque nas inovações e propostas logísticas que surtiram efeitos positivos no setor florestal. A international Paper conseguiu gerar a economia de milhões de reais, equivalentes à 42% da produção anual, sem investimentos em ampliação ou compra de equipamentos. Através de uma analise foi possível identificar o desperdício de 210 minutos na carga e descarga dos caminhões na fábrica, quando o ideal para empresas seria de 80 minutos. Com a avaliação dos pontos de melhoria e adaptação na forma de gerenciar o procedimento, foi possível chegar à media de 70 minutos por caminhão. Esse número gerou a economia de milhões de reais para a empresa. O coordenador de excelência florestal e desenvolvime1 nto operacional da International Paper, Bruno Piana, ressaltou "Quando a gente fala de logística, seja próprio ou de terceiro, é necessário gerenciar se você negligencia a perda de dinheiro, a logística hoje é o diferencial de muitas empresas, principalmente na área florestal. No setor de transporte de madeira, a Noma se destaca como maior empresa no ramo de carretas florestais, os investimentos surgiram na diminuição no peso das carretas, maior durabilidade e fácil manutenção dos caminhões que fazem o transporte das árvores. "Com menor peso podemos fazer o transporte de mais produtos e economizar combustível, seguindo as leis do Denatram" afirmou Josué Araújo, gerente de engenharia da empresa que, em 2016, apresenta maquinas com melhor custo beneficio, visando o crescimento na área florestal. A área de segurança, monitoramento e cuidado com o trabalhador é uma das principais vertentes da Eldorado Brasil, que de13° SILA (51)sde 2012 vem crescendo no desenvolvimento e tecnologias que os auxiliam no controle de toda a produção desde a floresta até a industria. Investimentos que minimizam custos globais e táticas de otimização que possibilitam a previsão de longos prazos de produção, que são controlados anual, mensal e diariamente, procurando identificar desde a qualidade do corte até as condições climáticas no transporte. A Eldorado também implantou câmeras de monitoramento dentro e fora de toda a frota, telefones via satélite em todos os pontos de apoio e rádio comunicadores, para controlar e auxiliar os caminhoneiros durante as jornadas de trabalho, com expôs o especialista em planejamento logístico, Leandro Tizano. Desafios e Estratégias na Logística Florestal A Reflore MS trabalha como ponte entre produtores e empresários com o poder público no Mato Grosso do Sul, segundo Dito Mário, diretor da instituição, a região de Três Lagoas é um reflexo do potencial de crescimento que a industria florestal pode trazer para o país, mas que muitos investidores não enxergam esse potencial devido à dificuldade de acesso, mão de obra e profissionais competentes para o desenvolvimento da área no estado. Já o Professor Doutor Luiz Carlos Rodrigues expôs ideias criativas e tecnológicas para auxiliar o monitoramento das florestas plantadas, que inovam estratégias de trabalho que há 300 anos eram trabalhadas da mesma 13° SILA (62)forma, com o processo de scaner, smart florestas e monitoramento 3D por sensores instalados dentro das plantações, o trabalho de acompanhamento e colheita passa a receber visões inovadas, Rodrigues também demonstrou o projeto TREEVIA desenvolvido por al unos da ESALQ- USP, que possibilita tecnologias que se auto gerenciam, cuidando do processo de produção. A produtora Piracicabana Oji Papeis vê como nova estratégia o transporte ferroviário e hidroviário. "No Brasil o transporte por rodovias significa atraso", afirmou o gerente  logístico Marco Aurélio Pereira. Além de apostar em saídas diferenciadas para transporte, a empresa investiu na criação de novos suportes que substituem os palets, na produção de papel autocopiativo, em produção para cassinos e na exportação para países da América do Sul, do Norte e Central. Em breve, a Oji investirá no frete marítimo para a argentina. Gestão de Logística Com a proposta de logística integrada, a Suzano Papel e Celulose liga floresta e fábrica de forma direta, levando seus profissionais aos diferentes pontos de atuação da empresa, desde as plantações até o planejamento e o processo de produção final da celulose. A empresa 13° SILA (65)também tem como diferencial o trabalho social e profissional, visando saídas criativas e inovadoras para auxiliar na produção. "Precisamos pensar em fazer diferente e não apenas no óbvio", afirmou Nara Michelim, Consultora de Planejamento Logístico da empresa. A Fíbria, especializada na produção de celulose, investe 60% da madeira que chega em suas fábricas em recursos logísticos. A empresa está presente em sete estados do Brasil e produz 5,3 toneladas de celulose ao ano. A empresa estuda a formação de vínculo com as comunidades próximas as suas instalações, pensando no bem estar das pessoas que residem próximos das estradas de transporte de madeira. "Hoje precisamos pensar na comunidade, ela é quem decide a nossa permanência no local. A Fíbria preza pelo bem estar de todos, nosso foco são as pessoas", afirmou o Coordenador de Logística, Rildo de Paula. Programas estruturais, saúde e segurança também são diretrizes da empresa, principalmente com os profissionais que fazem o transporte de toneladas de madeira, por isso a Fíbria aposta no monitoramento, acompanhamento e faz ações de prevenção com os caminhoneiros da frota, como exemplo, a SIPATM (Semana Interna de Prevenção de Acidentes para Transporte de Madeira), com workshops e palestras que orientam os caminhoneiros sobre questões de segurança e saúde. Outro modelo logístico é o corporativo, apresentado na Ibá (Industria Brasileira de Árvores) por Beatriz Milliet, responsável por relações governamentais e  internacionais da empresa. Uma associação com 61 empresas nacionais e internacionais que busca unificar as vozes de produtores, indústrias e investidores com o governo e a sociedade civil, a fim de projetar ainda mais o setor florestal e sua importância em diferentes regiões do Brasil. A empresa também trabalha com a relação institucional entre os setores da produção florestal, desde a produção de alimentos até a celulose, fazendo com que estes conversem e busquem estratégias de crescimento, envolvendo aumento da produção, avaliação e métodos de segurança e criação de perfis logísticos nas indústrias e florestas, para desenvolver maior competitividade no setor. Nas relações de estudo e contato de empresas com estudantes, o destaque da palestra foi para o IPEF (Instituto de Pesquisa e Estudos Florestais), criado em 1969, dentro da ESALQ- USP, sendo hoje um órgão independente que recebe várias empresas para estudos de aprimoramento, inovação e crescimento na área. Em 2016, o IPEF inciou estudos de clonagem de eucalipto e automação e mecanização de florestas em parceria com a Escola Politécnica da USP.  Também durante o evento, o coordenador José Otávio Brito anunciou que o IPEF, em parceria com o grupo Esalq-Log, lançarão em breve um programa cooperativo de logística florestal, com o intuito de otimizar e resolver problemas comuns entre as empresas. "Esse momento de encontro e troca não poderia passar, por isso decidimos criar essa proposta, que estará em andamento nas próximas semanas", afirmou. 2Todos os participantes das mesas de discussão do evento apontaram como maior desafio a segurança, manutenção e monitoramento nas estradas e rodovias, devido a falta de tecnologia, a topografia, dificuldade na manutenção e a falta de profissionais aptos a desenvolver tarefas. Nara Michelim. da empresa Suzano Papeis e Celulose contou "Muitas vezes temos que exportar mão de obra do Sul e Sudeste do país, as leis estão cada vez mais rígidas, e isso é bom. Por isso não podemos abrir mão de profissionais qualificados". Outra dificuldade apontada foi a falta de infraestrutura do país que possibilitem o transporte. O Brasil carece de hidrovias, portos, ferrovias e transporte marítimo, além de soluções logísticas de funcionamento para esses diferentes meios, que possibilitem a agilidade das cargas e descargas e o descongestionamento das rodovias. "O Brasil anda de caminhão, os caminhoneiros podem parar o país se quiserem, nossas rodovias são privatizadas e continuamos sem a infraestrutura necessária" afirmou Dito Mário, diretor da Reflore MS, participante e palestrante no evento. Palestra Internacional O ciclo de palestra foi encerrado com John Cuttino, representante, no Brasil, do Porto de Houston (Port of Houston Authority - Texas, EUA). Houston é o numero um no transporte marítimo de aço, petróleo e carga de projeto, o sexto maior em cargas de conteiners, nos Estados Unidos, e o sétimo parceiro com o Brasil em importação e exportação. O Porto é uma cooperativa portuária, coordenada por 150 empresas privadas localizadas principalmente em Buffalo Bayou e da Baía de Galveston3 (Texas), além de ter uma parcela de coordenação do estado, o que o torna estatal. Com tecnologias e avanços logísticos, o porto é um exemplo em infraestrutura e funcionalidade, assim a estatal se torna um dos principais movimentadores de renda no Texas. Originalmente localizado na cidade de Houston, o porto recebeu expansões e hoje está presente em diferentes comunidades, dando destaque para o complexo Barbours Cut Terminal. Cuttino destacou o interesse dos Estados Unidos em retomar comércios com o Brasil, dominados pelos chineses, através da exportação marítima, e que o momento de crise política e financeira é visto como novas possibilidades para instalações fixas do comercio norte americano, mesmo com a alta do dólar. Em relação as condições portuárias nacionais, principalmente o Porto de Santos, John Cuttino disse existir um acordo de cooperação entre o Houston e Brasil, porém ainda não houve interesse brasileiro nessa troca. "Esperamos o contato para o contrato de cooperação", disse. Ele também destacou a importância dos portos no Pará e no Maranhão para a exportação de perecíveis para os EUA e colocou como dificuldade a cultura brasileira em relação ao Texas. "Os brasileiros pensam em ir para Flórida devido aos imóveis e condições familiares, Houston oferece as mesmas oportunidade para investimento". O simpósio terminou com agradecimentos a toda equipe de pesquisadores do Esalq-log e com a divulgação do próximo evento, no dia 10 de Abril de 2017 com o tema "Corte, carregamento e transporte de Cana".   Texto por : Jaqueline Altomani da Silva, estudante de jornalismo.