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Aumento da gasolina pode elevar receita do setor em R$ 6 por tonelada, mas impacto depende de toda a cadeia

01/10/2015 A União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica) estima que o ganho de competitividade do etanol com o reajuste da gasolina, anunciado nesta terça-feira (30), elevará a receita do setor em até R$ 6 por tonelada de cana. Em nota, a entidade ressalta, porém, que o reajuste de 6% nas refinarias atende a uma "necessidade pontual" do mercado de combustível fóssil e, portanto, "ainda está muito distante de uma solução efetiva para o crescimento do setor sucroenergético". Para a Unica, o restabelecimento sustentável do segmento passa pela "definição do seu real papel na matriz energética", bem como a tributação de derivados do petróleo. Contudo, em entrevista ao Valor Econômico, a brasileira Copersucar, maior trading de etanol do mundo, acredita que o reajuste terá um efeito limitado sobre os preços do etanol hidratado. A empresa calcula o impacto em 5 centavos de real por litro, ou 5% na usina. Além disso, os preços do hidratado na usina, devido à oferta apertada e uma demanda forte, já haviam começado a subir há 15 dias e acumularam uma valorização de 10% em setembro. Ainda segundo o Valor Econômico, o cenário indica que só há etanol hidratado suficiente para abastecer o mercado até 31 de março do ano que vem, quando terminará a safra 2015/16, se a demanda mensal encolher dos atuais 1,5 bilhão de litros para 1,2 bilhão. É consenso que, para isso, o preço do hidratado nos postos terá que subir a ponto de superar a paridade de 70% do preço da gasolina, de forma a causar, de fato, um impacto mais forte no consumidor, levando-o a migrar para o derivado fóssil, explicou o diretor da SCA Trading, Martinho Seiiti Ono. "Com o reajuste da gasolina nessa reta final da safra, o espaço para o etanol subir se amplia", afirmou. Por sua vez, o CEO da São Martinho, Fábio Venturelli, observou que muitas usinas estão em condições financeiras ruins e ofertaram muito produto no mercado, pressionando os preços para baixo durante toda a safra. "Tudo depende muito de como esse reajuste vai se estabelecer ao longo da cadeia, desde a usina, até as distribuidoras, postos e consumidor", avaliou. Com informações do Valor Econômico e edição do novaCana.com