16/05/2016 - Os valores de fretes rodoviários para o escoamento de produtos e a movimentação das
commodities estão proporcionalmente ligados aos níveis de produção agrícola. A safra 2015/2016 foi atingida pelo fenômeno El Niño, que causou grandes alterações no cenário agrícola nacional.
Os comportamentos climáticos atemporais contribuíram com grandes perdas de safra na América Latina, resultando em diversas alterações de natureza econômica na movimentação internacional de grãos e de seus fornecedores.
Brasil e Argentina exemplificam a influência climática em relação ao frete. Em abril, o excesso de chuvas fez com que a Argentina perdesse cerca de 2,8 milhões de hectares de soja (o grão representa 22,6% da exportação do país, divididos entre o grão
in natura e o farelo de soja).
Com a baixa na produção e na exportação, os valores de frete também tendem à queda pela falta de demanda e de fluxo no produto, fazendo com que as transportadoras rodoviárias procurem outros mercados mais estáveis. Nesse cenário, o preço dos produtos aumenta e a busca por novas fontes de matéria prima são visadas pelos consumidores e importadores.
Segundo o Boletim Sifreca, no Brasil, o mercado de soja prevalece estável e com altos índices na produção e no frete. O clima, nas principais plantações, manteve-se estável e dentro das previsões, garantindo uma boa colheita durante março e abril e um fluxo intenso nos fretes do produto.
Garantindo maiores índices de exportação, a valorização do preço de frete e a demanda por frotas fizeram que em abril o Brasil conseguisse manter um ritmo na movimentação da soja, mesmo com o baixo
line-up no Porto de Santos.
Em contrapartida, o mercado do milho, que significa 5,4% do total de exportação da Argentina, está ganhando espaço em relação à produção nacional. Segundo o Ministério da Agricultura do Brasil, o milho argentino é mais acessível e hoje predomina nas importações brasileiras do produto.
A colheita desse ano na Argentina avançou mais de 70%, segundo a Bolsa de Comércio da cidade de Rosário, observando produtividade acima da média dos outros anos devido a condições climáticas que superaram as expectativas, principalmente em função do El Niño.
Já no Brasil, o mesmo fenômeno climático trouxe seca para as lavouras de milho. De acordo com 20ª edição do Boletim Sifreca, a estiagem causou uma grande quebra no mercado de milho, fazendo-o alcançar baixos patamares e influenciou diretamente os níveis de escoamento, exportação e frete, trazendo maiores custos em relação ao produto para o consumidor.
Jaqueline Altomani da Silva
RIC - ESALQ-LOG
Estudante de Jornalismo