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CONTRAIL LOGÍSTICA QUER AMPLIAR USO DE FERROVIA NO CAIS SANTISTA

14/10/2015 Com um projeto de R$ 1,1 bilhão, a Contrail Logística espera ampliar a participação do modal ferroviário no transporte de contêineres no Porto de Santos. Atualmente, das cargas conteinerizadas movimentadas entre o cais e o Interior do Brasil, 2% são levadas em vagões. O plano da empresa é que esse índice salte para 20% nos próximos seis anos, até 2021. No ano passado, 2,3 milhões de contêineres ou 3,68 milhões de TEU (unidade equivalente a um cofre de 20 pés) passaram pelo cais santista, entre exportações e importações. Foram cerca de 70 mil TEU em vagões, segundo dados da Contrail. Em 2021, a empresa prevê que o complexo marítimo movimente 7,4 milhões de TEU, 1,5 milhão por ferrovia. Com essa previsão de aumento nas operações, os acessos terrestres ao Porto de Santos, que já são uma preocupação de autoridades e empresários do setor, se tornam cada vez mais determinantes para a eficiência do complexo santista. Isto porque o sistema rodoviário existente, que é o mais utilizado para a chegada de mercadorias no cais santista, dificilmente conseguirá absorver essa demanda. A solução passa a ser aumentar a utilização da ferrovia. É com essa perspectiva que executivos da Contrail desenvolveram um projeto de logística com três grandes vertentes para impulsionar suas operações. A primeira delas é a utilização de um hub (polo concentrador) ferroviário, que já está em operação pela empresa em seu terminal em Cubatão. Cerca de R$ 100 milhões foram investidos no empreendimento. "Hoje, (a Contrail) opera com terminal em Cubatão. E oferece serviços na região de Campinas e São José dos Campos através de parcerias que a gente tem. E a gente está desenvolvendo terminais próprios no interior", explicou o CEO da empresa, Maurício Quintella. A outra vertente no projeto da empresa é a intensificação do uso de vagões double stack, que permitem o transporte de até dois contêineres empilhados. Além disso, a articulação dos vagões possibilita um ganho de espaço de 20%. "A gente já começou a operar com esse vagão junto com a MRS na Baixada Santista, onde não há gargalo operacional e eu consigo colocar um contêiner em cima do outro e isso é muito mais eficiente. Em uma composição de 800 metros, eu levo 80 contêineres. Com double stack eu vou levar até 200 TEU por viagem. Isso é 150% a mais do que o atual", destacou Quintela. Captação de cargas A Contrail também tem o plano de implantar sete terminais em um raio de 200 a 300 quilômetros de distância do cais santista. Os locais onde essas unidades serão implantados foram definidos após uma análise do mercado. Segundo Quintella, a Contrail, que já opera em Campinas e em São José dos Campos, terá mais cinco instalações ferroviárias - três na Capital (Zona Leste, Lapa e Mooca), um em Jundiaí, no interior do Estado, e outro em Mauá, no ABC. "Eles vão possibilitar a captação e a distribuição de cargas de importação e exportação. O grande objetivo é eles serem consolidadores de carga e eu conseguir casar os fluxos de subida e descida, porque isso faz com que a ferrovia seja muito mais competitiva nessa distância", destacou o CEO da Contrail. O executivo explica que o trajeto de Campinas a Santos por trens é feito em cerca de 20 horas. No entanto, apesar do tempo, existe a garantia de segurança e confiabilidade da entrega das cargas. Além disso, o transporte ferroviário é considerado ecologicamente correto por conta da redução das emissões de CO2. Eurogate Uma parcela de 16,67% da Contrail foi comprada pela Eurogate, grupo alemão de que atua na operação de contêineres. Até junho de 2018, outros 16,67% poderão ser comprados pela empresa europeia. É a partir dessa parceria que oprojeto de expansão da empresa foi traçado. O principal negócio do Eurogate é a operação de terminais marítimos de contêineres, segmento em que a empresa é um dos principais players na Europa. São 11 instalações em cinco países, sendo dez na Europa e uma na África. No ano passado, a Eurogate movimentou 14,8 milhões de TEU. Em termos de comparação, o Brasil movimentou 9,2 milhões de TEU em 2014. Além da operação de terminal, o Eurogate se especializou em soluções para atender a cadeia do contêiner integralmente. "A gente fez uma visita em setembro do ano passado, conhecemos a operação deles e vimos que fazia muito sentido, que eles realmente estão muito a nossa frente. Eles estavam olhando para o Brasil faz tempo e enxergaram na Contrail uma grande oportunidade de resolver o acesso ao Porto de Santos", destacou Quintella. Segundo o executivo, "o principal ativo da Eurogate é o know-how operacional que ela tem. Hoje ela já transporta cerca de 800 mil contêineres por ano na Europa por ferrovia e tem uma relação muito próxima com o mercado de contêineres, que é o mesmo mercado do Brasil. Acho que essa visibilidade internacional é muito importante para a Contrail e para a ferrovia no Brasil e no Porto de Santos". Fonte: Tribuna on-line/FERNANDA BALBINO