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EXPORTAÇÃO DE SIDERÚRGICAS JÁ SUPERA VENDAS INTERNAS

21/10/2015 Setembro foi o mês em que, pela primeira vez, os embarques de aços do Brasil ao exterior superaram as vendas no mercado interno. Essa tendência de inversão do destino do aço nacional, que apareceu ao longo do ano, se concretizou no mês passado. Ontem, o Instituto Aço Brasil revelou que as usinas colocaram 1,48 milhão de toneladas de produtos no mercado doméstico em setembro, queda de 20,7% em relação ao mesmo mês do ano passado e de 6,2% ante agosto. Já os volumes que foram vendidos no exterior chegaram a 1,59 milhão de toneladas, avanço de 31,6% e 22,4% na mesma base de comparação, respectivamente. Os embarques efetivados, conforme a Secex, totalizaram 1,55 milhão de toneladas, 34% e 19,8% a mais, respectivamente. Por outro lado, a competição com os produtos de estrangeiros arrefeceu novamente. As importações de aço caíram 40,3% em comparação anual durante setembro, para 224,3 mil toneladas. Ainda assim, frente a agosto foi observada alta de 9,7%. Com esse desempenho, o consumo aparente nacional - que agrega tanto as vendas internas das siderúrgicas como as importações - terminou o mês passado em 1,7 milhão de toneladas. A diminuição em bases anuais foi de 24,1% e de um mês para o outro, de 6%. Influenciados por esse cenário e pelo impacto do dólar sobre a dívida, os balanços das siderúrgicas provavelmente fecharam o terceiro trimestre no vermelho, segundo prévia de resultados da maioria dos bancos consultados pelo Valor. A média de estimativas de Bank of America Merrill Lynch (BofA), BTG Pactual, Citi e J.P. Morgan aponta para prejuízo líquido de R$ 1,18 bilhão para a CSN. Durante o terceiro trimestre do ano passado, a CSN já teve prejuízo, de R$ 250 milhões. No caso da Gerdau, BofA e Citi preveem lucro de R$ 200 milhões e R$ 189 milhões, respectivamente, e BTG e J.P. Morgan, prejuízo de R$ 203 milhões e R$ 365 milhões, na mesma ordem. No mesmo período de 2014, a Gerdau teve lucro de R$ 261,9 milhões. A situação mais crítica é a de Usiminas. Os bancos preveem, em média, nas prévias, perda de R$ 744 milhões, ante prejuízo de R$ 26,1 milhões em 2014. O BTG chega a apontar Ebitda (resultado operacional) negativo no resultado da empresa no trimestre. Os analistas afirmam que uma melhor rentabilidade na área de mineração da CSN pode ajudar a elevar a receita em 23%, para R$ 3,8 bilhões. "A área deve ser a surpresa positiva", diz o BofA. O Ebitda subiria 21%, para R$ 806 milhões. A queda do real ante o dólar pode ajudar os balanços das empresas. Entre julho e setembro, as vendas externas somaram US$ 1,59 bilhão, ou R$ 5,63 bilhões segundo a cotação média Ptax, do Banco Central. No segundo trimestre, o valor havia atingido US$ 1,36 bilhão, ou R$ 4,16 bilhões - a alta é de 35% em reais. O problema é que as margens dos produtos enviados ao exterior são menores do que o demandado no Brasil. As usinas vendem mais semi-acabados a outros países, que têm maior custo de produção frente aos preços praticados. A desvalorização do câmbio ainda pode aumentar os resultados da divisão da América do Norte para a Gerdau. A média de estimativas para a receita é de R$ 11,87 bilhões, aumento de 10,9%, e para o Ebitda, de R$ 1,19 bilhão, recuo de 2,5%. As margens, porém, devem cair, diz o J.P. Morgan, devido a maior volume exportado de produtos com baixo valor agregado. No caso de Usiminas, o crescimento dos custos em dólar e das despesas com os "layoffs", que são suspensões temporárias de contratos de funcionários, pode até representar Ebitda negativo. O BTG aguarda R$ 4 milhões no vermelho para o indicador durante o terceiro trimestre. Os outros bancos projetam, em média, R$ 105 milhões positivos, baixa de 70,5%. A receita é estimada em R$ 2,43 bilhões, 16,4% a menos em comparação anual. A apresentação dos balanços de Gerdau e Usiminas está marcada para o dia 29, antes da abertura da BM&FBovespa. As teleconferências estão previstas para 14h e 12h, respectivamente. A CSN ainda não informou a data de divulgação de suas demonstrações financeiras. A produção de aço bruto no Brasil, conforme o Aço Brasil, caiu 13% no mês passado ante igual mês do ano passado, e terminou em 2,5 milhões de toneladas. Em relação a agosto, a queda foi de 10,6%. A capacidade nominal por mês do parque fabril no país é de 4,2 milhões de toneladas - ou seja, em setembro as siderúrgicas operaram com uma ociosidade acima de 40%. A entidade divulgou ainda que em nove meses o recuo da produção foi de 1,2%, para 25,3 milhões de toneladas. As vendas internas caíram 14,3% até setembro, para 14,2 milhões de toneladas, e as importações totalizaram 2,8 milhões de toneladas, menos 11,9%. O consumo aparente no país, até setembro, foi de 16,9 milhões de toneladas - recuo de 14%. As vendas das usinas ao exterior, contudo, cresceram 48,3%, para 9,8 milhões de toneladas. Os embarques efetivados atingiram 10 milhões de toneladas, alta de 48,6%, com valor de US$ 5,16 bilhões. Fonte: Valor Econômico/Renato Rostás | De São Paulo