English

MT: Semeadura segue lenta

05/10/15 - 08:18 A safra 2015/16 de soja começou com irregularidade nas chuvas do Centro-Oeste, o que é comum em anos de El Niño. Mas, em uma safra marcada por margens mais apertadas e temor de perdas, o plantio segue limitado as áreas com umidade e a talhões irrigados. Conforme novo levantamento divulgado na sexta-feira (2) pela consultoria AgRural, em Mato Grosso, pancadas esparsas atingiram o norte, o oeste e pontos do sul, mas não foram suficientes para dar ritmo ao plantio, que está em 2%, contra 5% há um ano. A área estimada para o atual ciclo é de 9,2 milhões hectares. "Na região de Nova Mutum, no médio norte do Estado, algumas propriedades receberam até 50 milímetros (mm) de chuvas e os produtores aproveitaram para semear, mas há casos de atraso na entrega de insumos. Em Campo Novo do Parecis, ao noroeste do Estado, só quem recebeu boas chuvas e pretende plantar algodão depois da soja entrou em campo. No sul, apenas pancadas irregulares foram reportadas e o plantio segue lento. Em Primavera do Leste, por exemplo, somente quem produz em áreas sob pivô e quem vai plantar algodão safrinha está semeando", explica a analista da AgRural, Daniele Siqueira. Em razão da falta de precipitações no maior produtor nacional de soja, Mato Grosso, quem puxa o ritmo neste início de ciclo - 3% da área brasileira está plantada, em linha com o ano passado - é o Paraná, onde tem chovido bem e o plantio já chega a 16%. Conforme o vice-presidente da região norte da Associação dos Produtores de Soja e Milho de Mato Grosso (Aprosoja/MT), Silvésio de Oliveira, não mais que 100 hectares devem ter sido plantados nas últimas semanas. "Quem têm pivôs, começou o plantio. Porém, devido a pouca quantidade de chuva, os produtores não estão começando ou, quem começa, começa de forma cautelosa. De forma geral, nossa região que por tradição planta cedo, está atrasada. Consequentemente, poderá impactar no plantio do milho", explica. Como frisa a entidade, o medo de replantio é ainda muito grande entre os produtores, já que a safra atual atingiu custos recordes, muito próximos a R$ 3 mil por hectare. A realidade do norte mato-grossense é semelhante na região. Por lá, as chuvas não começaram de maneira regular e o plantio deve começar, de fato, em meados de outubro. "As chuvas estão localizadas, em outras partes, sequer choveu. Sabemos que alguns plantios sob pivô já foram feitos. No máximo, podemos dizer que 10% da região começou a plantar. O recado importante é que o produtor regule suas plantadeiras, todas suas máquinas e prepare-se. Daqui para frente, dependemos do clima e uma chuva em um dia, de 50 milímetros, vai fazer com que plantemos por um ou dois dias", diz o vice-presidente da região oeste, Vanderlei Reck Junior. No sul, o vice-presidente Alexandre Schenkel, afirma que as chuvas também estão pontuais, porém, o plantio começou ao menos em três municípios. "Campo Verde começou de forma tímida. Também houve chuva de 70 milímetros na região da Serra da Petrovina, próximo a Rondonópolis e Pedra Preta. No entanto, tudo muito comedido, diria que um total de 2% ou 3%. Um fator que tem contribuído muito para essa ‘timidez’ também é pelo momento econômico do país e o produtor está muito precavido para tomar qualquer decisão que impacte no bolso". Na região leste, além da falta de chuvas, o problema ainda são as queimadas. "As primeiras chuvas foram de 6 milímetros ou, no máximo, 26. Muito pouco. Aqui ainda está muito quente, seco e queimando bastante em áreas de reserva. Não tem plantio efetivado. Acredito que a partir do dia 10 de outubro começará. Não dá para negar que não está com um certo atraso e, claro, prejudica um pouco. No ano passado, começamos por volta do dia 2 de outubro", pontua Endrigo Dalcin, vice-presidente da Aprosoja na região. Diário de Cuiabá Autor: Marianna Peres