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SIPPOC - Sobre o projeto

Muito além do problema logístico, a perda de produtos no estágio de pós-colheita - num momento onde a produção de alimentos precisa atender à demanda do crescimento da população - deve ser tratada como uma questão de segurança alimentar.

Neste contexto, o ESALQ-LOG – Grupo de Pesquisa e Extensão em Logística Agroindustrial da ESALQ/USP desenvolveu um projeto técnico de levantamento de informações primárias sobre perdas de pós-colheita em produtos agrícolas. Realizado com o apoio da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP), o projeto resultou na plataforma on-line denominada SIPPOC - Sistema de Informações de Perdas de Pós-Colheita.

O professor José Vicente Caixeta-Filho, Coordenador Geral do Grupo ESALQ-LOG, juntamente com o Coordenador Técnico, Thiago Guilherme Péra, foram os pesquisadores responsáveis pelo trabalho, que contou com uma equipe de mais 19 pessoas, entre pesquisadores associados e bolsistas de treinamento técnico.

O objetivo principal foi consolidar um sistema que disponibilizasse, além de indicadores de perdas de pós-colheita, também metodologias de mensuração, estratégias de mitigação em cada estágio da logística de suprimento das cadeias produtivas analisadas e por fim criar uma ferramenta de cálculo de perdas em função das características do produto e da região de interesse

O ponto de partida do projeto foi a identificação dos gargalos logísticos que prejudicam a competitividade dos produtos brasileiros, que reduzem a disponibilidade de alimento que chega ao consumidor e que aumentam o preço final do produto. Detectar e apontar medidas ligadas à mensuração, à identificação e à minimização de perdas podem potencialmente beneficiar diversos grupos da sociedade, tais como produtores, agentes ligados à logística de transporte de produtos agrícolas e o próprio consumidor final. A plataforma recebeu dados primários (coletados por uma equipe de pesquisadores em campo), que foram agregados a dados secundários, consolidados por indicadores levantados na literatura para diferentes produtos, regiões e estágios das cadeias de suprimento.

A principal função do SIPPOC é oferecer um sistema de informação como referência para auxiliar na tomada de decisões relacionadas às perdas pós-colheita no estado de São Paulo, tanto por parte do setor público quanto do setor privado. Tal estrutura permitirá a replicabilidade de ferramentas para outras regiões no Brasil ou mesmo em outros países. As informações sistematizadas estão disponíveis numa plataforma on-line e de livre acesso, que envolve um website integrado com um sistema de informações geográficas (SIG), ferramenta de cálculo de perdas e demais informações consolidadas do projeto (métodos de mensuração de perdas, indicadores de perdas de outros países, principais estudos de referência na área etc.).

De acordo com Thiago Guilherme Péra, Coordenador Técnico do Grupo ESALQ-LOG, uma das mais importantes vantagens da plataforma será a possibilidade da visualização dos dados em mapas digitais: “já que existe uma escassez de dados confiáveis de perdas no país, a organização visual das informações contribuirá para que profissionais tomadores de decisão na área possam ter um referencial do nível de perda por região e setor, principalmente de forma regionalizada e por elo da cadeia de suprimentos”.

Péra ressalta que projetos como a plataforma SIPPOC trazem à tona ferramentas cada vez mais indispensáveis para o setor logístico agroindustrial: “a experiência do Grupo ESALQ-LOG nos estudos especializados para logística mostra que as decisões que obtêm melhores resultados levam em conta o gerenciamento de indicadores de produtividade, contribuindo para o aperfeiçoamento dos processos e para a redução de custos”.

A previsão é que a atualização dos dados seja anual, inclusive incorporando outros produtos ao sistema.

Números da plataforma SIPPOC:

  • 1.300 indicadores de perdas de pós-colheita, com informações detalhadas por tipo de atividade logística: transporte, armazenagem, indústria, atacado, varejo, packing-house, distribuição, secagem, dentre outras;
  • 90 produtos listados entre perecíveis e não perecíveis;
  • 47 países avaliados;
  • 678 informações relacionadas às perdas de pós-colheita no Brasil, sendo 73 especificamente envolvendo o estado de São Paulo.

As informações são de grande relevância para a gestão das perdas e formulações de políticas públicas e há uma série de iniciativas globais que consolidam tais informações em sistemas customizados e de fácil visualização para auxiliar os tomadores de decisão. Uma grande inciativa nessa linha é o African Post Harvest Losses System (APHLIS) desenvolvido especificamente para apresentar o monitoramento de perdas agrícolas em diversos países da Africa. Nesse contexto, o Sistema de Informações de Perdas de Pós-Colheita (SIPPOC) foi desenvolvido com inspiração no APHLIS para o ambiente brasileiro.